Digital Influencers se destacam na nova era de interação online
Personalidades da web dão voz e influenciam os consumidores no mercado nacional
​
Por: Manuela Magrini

Whinderson Nunes e Felipe Neto, juntos somam mais de 72 milhões de inscritos em seus canais no YouTube (foto: Portal R7)
Em poucas palavras, um influenciador digital é uma figura pública que, por meio dos conteúdos disponibilizados em plataformas virtuais, sejam elas o YouTube, Instagram, Twitter ou Blogs, transmitem suas opiniões e estilos de vida de modo a influenciar os seguidores em suas decisões de consumo e comportamento. Segundo levantamento realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex), atualmente no Brasil existem aproximadamente 7500 Digital influencers; entretanto, esse número aumenta ao considerar os “microinfluenciadores”, ou seja, os que possuem entre 5 mil e 100 mil seguidores em suas redes.
Divididos em nichos específicos, os influenciadores possuem uma rotina de posts, entregas de publicidades, compartilhamento de cotidianos, dentre outras interações virtuais. No eixo dos microinfluenciadores, a empresária Raira Leme, com 12,6 mil seguidores em seus Instagram, afirma que recebe aproximadamente 2 mil acessos por semana em sua página, alcançando em média 6 mil pessoas por mês, as quais interagem das mais diversas maneiras. Dona de um e-commerce de vestuário feminino, Raira considera que o alcance de seu perfil pessoal alavanca os números de venda de sua loja: “a maioria do público da loja me conhece pelo perfil pessoal. São pessoas que acompanham minha vida, sabem da minha rotina e gostam do meu modo de me vestir”.
Moradora de Bragança Paulista, cidade de 150 mil habitantes no interior de São Paulo, a influenciadora possui múltiplas parcerias publicitárias no comércio local. “Geralmente troco o produto ou serviço por divulgação no meu perfil, comentando sobre e incluindo os posts em meio à minha rotina”. Além de empresária, Raira é mãe e divide o seu dia entre a confecção de sua loja, os posts nas redes sociais e o cuidado com seu filho.
Vídeo making of de ensaio Raira Leme Store. (Filmagem: Manuela Magrini. Edição: Manuela Magrini.)
Já no meio dos grandes influenciadores, os nomes que mais aparecem no país, em questão de números e engajamento, são de figuras como Felipe Neto, com 34,9 milhões de inscritos em seu canal do YouTube, e Whindersson Nunes, com 37,5 milhões. A presença feminina também é forte, contando com figuras como Kéfera (10,9 milhões de inscritos), a atriz Fernanda Souza (2 milhões de inscritos) e Flávia Pavanelli (5 milhões de inscritos).
Entretanto, apesar de números na casa dos milhões gerarem muito lucro, os influenciadores de médio e pequeno porte atingem de forma mais direta o público almejado pelas empresas, portanto agindo de modo eficiente ao estimular o consumo. Isto se deve ao fato de que quanto mais acessível e intimista são os conteúdos gerados, mais o consumidor se sente parte daquela realidade, despertando seus desejos de compartilhar experiências, interagindo facilmente e dando feedback aos comunicadores.
Apesar de aparentar se tratar de um universo fútil, movimentos militantes também possuem sua representação no meio. Figuras como Alexandra Gurgel, youtuber e escritora carioca, autora do Bestseller “Pare de se odiar”, que atua em suas redes sociais agindo como a face do movimento “anti-gordofobia”, expondo em meio à suas fotos posts publicitários e desabafos, textos que tratam do preconceito contra a pessoa gorda, e refletem sobre maneiras para se amar e se aceitar. Já tendo realizado parceria com marcas como a revista Marie Clarie, a marca de cosméticos Seda e a marca esportiva Adidas, Alexandra possui 391 mil seguidores em seu Instagram e 464 mil inscritos no canal do Youtube.
Em um vídeo em seu canal, com o título “Como ter saúde mental no Instagram”, Alexandra aborda o tema da insatisfação gerada nos consumidores dessa rede social, em virtude da exposição de vidas ideais, e das comparações estabelecidas. “Passar 30 minutos em um perfil fitness já é o suficiente para que você se sinta mal consigo mesmo, para que comece a comparar sua vida com a de outra pessoa [...] esse movimento de seguir pessoas e endeusar pessoas, muitas vezes a gente não está acompanhando os bastidores, achamos que tem uma vida perfeita, que tudo é maravilhoso, mas não temos noção do dia-a-dia. Nós vemos alguns minutos de story, algumas fotos que foram tratadas no Photoshop, todas modificadas. Fotos feitas de uma só vez no mesmo dia, eu faço isso: contrato uma maquiadora, ela vem aqui em casa e faço um monte de foto com vários looks diferentes. [...] Não é uma realidade.”

A influenciadora Alexandra Gurgel em evento de estimulo ao autoconhecimento feminino (Foto:Thiago Duran)
Cada vez mais, a questão da saúde mental nesse meio entra em pauta. Por consequência, os Digital influencers estão se adaptando às novas necessidades do público. Mostrar o íntimo de suas vidas, o dia a dia, as situações desconfortáveis e os problemas que enfrentam geram empatia por parte dos consumidores, criando vínculos ainda mais fortes e que ajudam na confiança entre produtores de conteúdo e seus receptores.